Por: M. Biasi
O texto ganhou status de objeto de ensino da língua materna. Desse modo, o mais importante para o professor de português passa a ser a formação de um aluno que compreenda e produz textos, “posicionando – se como sujeito histórico, responsável pelo seu tempo e pela construção do espaço político em que vive, participando de processos letrados efetivos” (HARTMANN; SANTAROSA, 2010, p. 68).
Na tentativa de explicar o que é texto como objeto de ensino, a autora Costa Val (apud HARTMANN; SANTAROSA, 2010), apresenta de forma bastante didática o que chama de fatores de intertextualidade, oferecendo um bom instrumento metodológico para que possamos definir o que seja um texto e avaliar a sua qualidade, isto é, dizer se é ou não um bom texto. Segundo a autora são sete os fatores responsáveis pela realização de um texto, divididos em dois grupos:
O primeiro grupo, aquele constituído por fatores pragmáticos está relacionado ao processo sociocumunicativo do texto: informatividade, intencionalidade, aceitabilidade, situacianlidade e intertextualidade. O segundo grupo, por sua vez, é constituído por fatores centrais nos textos: a coerência e a coesão. Podemos pensar o primeiro grupo como sendo de ordem externa ao texto, mais relacionado ao contexto interacional; o segundo grupo, de ordem interna, relacionado à organização das partes do texto (HARTMANN; SANTAROSA, 2010, p. 69 grifo nosso).
O trabalho de construção de um texto pode ser dividido em três etapas: a preparação para a escrita, a escrita e a reescrita. Separando essas etapas para fins didáticos, podemos dizer que “a preparação para a escrita envolve o trabalho de leitura, de pesquisa, de reflexões e de amadurecimento das ideias” (HARTMANN; SANTAROSA, 2010, p. 232). A escrita é o ato de por em palavras o que se tem a dizer. A reescrita seria então, o trabalho de revisão da própria escrita. Existem duas possibilidades de escrita:
A primeira é simultânea à elaboração do texto: escolha de palavras, expressividade, grafia, organização das frases, pontuação, conjunção preposições, concordância etc. trata – se de um trabalho permanente que nos acompanha durante a atividade da escrita. A segunda possibilidade de reescrita e aquela que realizamos após dar mais ou menos uma forma completa ao texto. São os ajustes na organização estrutural do texto e as lapidações nas estruturas frasais. Durante a reescrita dos textos podemos fazer três tipos de operação: subtração – é a exclusão de palavras, frases ou informação que estejam sobrando, provocando redundância ou incoerência; adição - é a inclusão de palavras, frases ou informações que estejam faltando; substituição - é a permuta de palavras, frases ou informações por outras que possam ser mais convenientes para o propósito do enunciado (HARTMANN; SANTAROSA, 2010, p. 236 grifo nosso).
Portanto, precisamos ensinar nossos alunos a se apropriarem da escrita, enquanto mecanismo de comunicação, a fim de se inserirem no contexto comunicativo social e se tornarem cidadãos participativos. Se quisermos que nossos alunos sejam proficientes na escrita, temos, antes que mais nada, envolvê-los em processo interlocutivos concretos com o mundo das letras (carta, email, relatório, resumo resenha etc.), lendo e escrevendo.
Não há outro caminho se não este: como nadar se aprende nadando, e caminhar caminhando, também se aprende a falar escutando e falando e a escrever lendo e escrevendo. Portanto, para a escrita se realizar, fluir, sair do campo das ideias, é necessário que o aluno (autor) agencie na língua os recursos disponíveis necessários para dizer o que tem a dizer. Do lugar social que ocupa, no momento histórico e de acordo com o interlocutor, o aluno escolhe, entre as alternativas que língua lhe oferece, aquelas que julgam mais convenientes as suas necessidades. Cabe ao professor viabilizar esse processo.
Referências:
HARTMANN, S; SANTAROSA, S. Práticas de Escrita Para o Letramento no Ensino Superior. Curitiba: Ibpex, 2010.
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