Por: M. Biasi
A formação para a pesquisa é complexa e exige o desenvolvimento do hábito cultural. A pesquisa ao entrar na sala de aula e se estabelecer condiciona o professor a entender melhor o que esta acontecendo em seu cotidiano, a compreender o espaço escolar em que atua, identificando, assim, a realidade da escola.
Os professores, ao realizarem pesquisa aprendem e apreendem processo de produção do conhecimento, de questionamento de sua própria prática, para o desenvolvimento de uma atitude investigativa, autônoma, criativa e comprometida. (…) a pesquisa, também, contribui para a passagem de uma atitude de submissão à ordem, do cumprimento burocrático do ensino para um posicionamento político, superando a alienação, para uma participação social proativa. Isso inclui a ampliação de suas expectativas e a elevação da prática como ponte de saber (CORTELAZZO; ROMANOWSKY, 2007 p.18-19).
A integração entre formação e pesquisa favorece a melhoria do ensino e contribui significativamente para o desenvolvimento profissional individual e coletivo do professor. A investigação pode resultar na percepção do tempo escolar como espaço de produção, pois na medida em que o professor pesquisa a sua prática reconhece a importância das atividades pedagógicas em relação aos propósitos e as finalidades da educação.
De modo semelhante, a atuação prática possui uma dimensão investigativa e constitui uma forma não de simples reprodução, mas de criação ou pelo menos, de recreação do conhecimento. A participação em um projeto pedagógico institucional, a elaboração de um programa de curso e de planos de aula envolve pesquisas bibliográficas, seleção de material pedagógico etc., que implicam uma atividade investigativa que precisa ser valorizada (CORTELAZZO; ROMANOWSKY, 2007, p.21)
Portanto, na formação do professor, a pesquisa é, ao mesmo tempo, conteúdo e processo. Isso significa que o curso inclui disciplina de formação para a pesquisa e os estudantes realizam e vivenciam processos de investigação durante a sua formação.
Isso quer dizer que a investigação não é realizada para experimentar algum modelo teórico na prática, tão pouco os “erros” dos professores frente alguma teoria, mas para ir à prática e examinar o que está acontecendo e porque está acontecendo. “trata-se de uma analise densa na busca de explicitar quais são, os determinante dos problemas que acontece na pratica” (CORTELAZZO, ROMANOWSKI, 2007, p.23). Nesse caso, “a teoria tem uma importante contribuição por fornecer indicativos e referenciais que auxiliam no processo de analise da prática e nesse movimento a teoria transforma-se ao explicitá-la. É um movimento dialético” (MARTINS, 2002, p.104).
A pesquisa da prática profissional implica considerar essa prática sob o ponto de vista do trabalho docente, como propõe Esteves (apud CORTELAZZO; ROMANOWSKI, 2007, p.24) em geral, esse estudo assume duas perspectivas: o fazer propriamente dito e o trabalho como atividade humana.
O primeiro considera-o como parte da vida cotidiana das pessoas e dos trabalhos, e o segundo analisam o significado e as implicações sociais e históricas em que o processo de trabalho na sociedade se desenvolve. Na perspectiva de compreender o trabalho como prática social busca-se compreender as finalidades dessa prática docente – tal prática para se constituírem “práxis”, toma por base a pedagogia como prática social, a fim de satisfazer a necessidade de educação da humanidade orientada por pressupostos que se direcionem à construção do própria realidade social. (…) no cotidiano da aula, o professor realiza sua pratica e, ao articular esse fazer as finalidades da educação , amplia-se para aproximar-se da compreensão da totalidade e, portanto, compreender a educação como necessidade social contextualizada historicamente.
Portanto, o professor precisa compreender a pesquisa como “principio cientifico e educativo” e ter a pesquisa como “atitude cotidiana” (Demo, 2000, p.12). Ao realizar a pesquisa no decorrer de sua formação inicial, o professor estará desenvolvendo habilidades e conhecimentos necessários à pesquisa como principio cientifico e educativo.
Referências:
CORTELAZZO, I; ROMANOWSKI, J. Pesquisa e Prática Profissional – Procedimentos de Pesquisa. Curitiba: IBPEX, 2007.
DEMO, P. Educar Pela Pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2000.
MARTINS, P. A Didática e as Contribuições da Prática de Piaget. Papirus, 2002.
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