18 de mai. de 2012

O Ensino de Arte na sala de aula

    Por: M. Biasi


O ensino de arte tem uma função tão importante quanto o das outras disciplinas no processo educativo, ao mesmo tempo em que esta relacionada às demais áreas ela tem as suas especificidades que garante um processo específico de aprendizagem, pois a arte não se limita somente a conteúdos, ela envolve as cores, as formas, a música, o movimento, enfim, todo um repertório cultural. Segundo Frange (2003, p.40) “a arte é a manifestação de um sujeito que se faz ver e nos mostra, por sua produção, uma subjetividade, uma pessoalidade e uma coletividade todas as dimensões instaladas num único discurso visual, inter-relacionado a muitos outros”.

O conhecimento em arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão do mundo no qual a dimensão poética esteja presente: a arte ensina que é possível transformar continuamente a existências, que é preciso mudar referências a cada momento, ser reflexível. Isso quer dizer que criar e conhecer são indissociáveis e a flexibilidade e condição fundamental para aprender. (BRASIL, 1997, p. 21).

O ensino de arte proporciona para os alunos momentos de descoberta e de construção em sala de aula, uma vez que trabalha com a sensibilidade e a criatividade humana, pois “um ensino criador, que favoreça a integração entre a aprendizagem racional e estética dos alunos poderá contribuir para o exercício conjunto complementar da razão e do sonho, no qual conhecer é também maravilhar-se, brincar com o desconhecido, arriscar hipóteses ousadas, trabalho duro, esforçar-se com descobertas. (BRASIL, 1997, p. 27).
A arte nos apresenta como linguagens artísticas que devemos trabalhar com nossos alunos a Dança (ação corporal como o curvar, esticar, torcer, balançar, sacudir, respondendo a pulsações internas rítmicas, mudanças de tempocoreografias, etc.), a Música (canções por meio de fitas, rádio, cd, DVD, mp3, jogos, eletrônicos, ou com a própria voz, etc.), as Artes Visuais (pintura, escultura, desenho, gravura, arquitetura, fotografias, televisão, as artes modernas, etc.) e o Teatro (dramatização, improviso, encenação, mímica, etc.). O intuito é desenvolver uma proposta de ensino que garanta às crianças o acesso aos conhecimentos artísticos e culturais presentes na sociedade, bem como a sua produção e disseminação.
            Assim, o conjunto de conteúdos em Arte que o professor precisa trabalhar em sala de aula “está articulado dentro do processo de ensino e aprendizagem e explicitado por intermédio de ações em três eixos norteadores: produzir, apreciar e contextualizar” (BRASIL, 1997, p. 49).
            O primeiro é o Fazer Artístico, o foco é estimular a aprendizagem da história da arte e da leitura das imagens; o segundo é a Leitura de Imagens, o objetivo é desenvolve em si habilidade de ver, julgar e interpretar as qualidades plásticas, desenvolver uma competência de leitura e uma percepção visual, uma visão crítica; e o terceiro é a História da Arte, o intuito é perceber o contexto histórico na qual a obra esta inserida, a fim de se situar e compreender as influências do tempo histórico em que ocorre o seu aprendizado, não só de uma maneira temporal, mas, sim, de uma forma sociocultural (BARBOSA, 1991).
Logo, a avaliação em arte em sala de aula precisa representar um papel autoavaliativo realizado principalmente através de portfólios e com caráter formativo, pois a mesma constitui uma situação de aprendizagem em que o aluno pode verificar o que aprendeu, retrabalhar os conteúdos, assim como o professor pode avaliar como ensinou e o que seus alunos aprenderam (Brasil, 1997, p. 66).
Ao avaliar, o professor precisa levar em consideração a história pessoal de cada aluno e sua relação com as atividades desenvolvidas na sala de aula, verificando os trabalhos registrados estejam eles em mídia sonora, textual ou mesmo audiovisual. O objetivo é verificar quais conhecimentos podem acrescentar valores na vida do aluno, trazendo mudanças afetivas, cognitivas e as relacionadas à valorização do patrimônio, da cultura e da arte.
Precisamos, enquanto seres humanos e não apenas professores, pensarmos em arte como parte intrínseca de nossas vidas: a música que escutamos, a poesia que lemos, os jornais do dia a dia, os movimentos que executamos, as novelas que assistimos e as cores que apreciamos. São tantas texturas, sons e imagens em movimentos que nos esquecemos de que tudo que nos move é arte; a roupa que escolhemos é arte, o disco que ouvimos é arte, os livros que lemos é arte, os passos que dançamos é arte, a curiosidade que move nossos olhos é arte, a fotografia que tiramos com nossos celulares ou o vídeo que produzimos é arte. A arte faz parte da nossa existência, mesmo que não a percebemos.
Temos, portanto, o dever ético e social de propiciar toda essa descoberta pelos nossos alunos de forma que os mesmos compreendam o quão importante é a arte em suas vidas e passam a apreciá-la, produzi-la, contextualizá-la e disseminá-la socialmente.


Referências                                                                 


BARBOSA, A. M. Imagem no ensino da arte. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1991.

BRASIL. Ministério da educação. Secretaria de educação fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: ARTE. Brasília: MEC/SEF, 1997.


FRANGE, L. B. Arte e seu ensino, uma questão ou várias questões? IN: BARBOSA, A. M. (org.) Inquietações e mudanças no ensino da arte. 2. Ed. São Paulo: Cortez, 2003.

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