Por: M. Biasi
A primeira escola normal brasileira foi criada na província do Rio de Janeiro, em 1935, que determinava: “haverá a capital da província uma escola normal para que nela se habilitarem pessoas que se destinarem ao magistério da instrução primaria e os professores atualmente existentes que não tiverem adquirido necessária instrução nas escolas de ensino mútuo, na conformidade da lei de 15/10/1827”. (TANURI, 2000, p.64)
A escola seria regida por diretor, que exerceria também função de professor, e contemporânea o seguinte currículo: ler e escrever pelo método lancasterciano: as quatro operações e proporções; a língua nacional; elementos de geografia; princípios de moral cristã, os pré – requisitos para ingresso limitava-se: ser cidadão brasileiro, ter 18 anos de idade, boa morigeração e saber ler e escrever. (MOACIR apud TANURI; 2000 p.64).
Nos anos que se seguiram à criação da primeira escola normal, a experiência se repetiu em outras províncias: em Minas Gerais (1935), na Bahia (1836), São Paulo (1846), Pernambuco e Piauí (1864), Alagoas (1664), em São Pedro do Rio Grande do Sul(1869), no Pará (1870), em Sergipe (1870), no Amazonas (1872), no Espírito Santo (1873), no Rio Grande do Norte (1873), no Maranhão (1874), no Paraná (1876), em Santa Catarina (1880), no Ceará (1880), no Mato grosso (1876) em Goiás (1882) , na Paraíba (1884).
A formação ofertada por essas primeiras escolas normais priorizava um currículo centrado nos currículos da escola primaria e incluía formação pedagógica em uma disciplina denominada pedagogia ou método de ensino. O curso tinha duração de dois anos e era ministrada por um ou dois professores para todos as disciplina propostas. Era um curso rudimentar, não ultrapassando o nível primário e o conteúdo dos estudos primários de caráter essencialmente prescritivo. (ROMANOWSKI, 2007, p.70).
Com reformas na década de 1820, em vários estados, mudou o significado da prática docente, pois foi atribuída ao professor a tarefa de formar as crianças e os jovens para viver em sociedade, para o trabalho nos novas indústrias. Esse contexto exigia uma nova formação do professor, foram propostos reformulações dos cursos normais, e um novo plano de estudos com um currículo dividido em dois blocos: “um de caráter propedêutico e outro profissionalizante. As metodologias da lei especificas passaram a ser abordadas como metodologia da leitura escrita, do vernáculo, da aritmética, das ciências naturais, da geografia, da musica, dos exercícios físicos e dos trabalhos manuais”. (ROMANOWSKI, 2007, p.73).
As modalidades de cursos de habilitação de professores para a Ed. especial, ensino supletivo, desenho e arte aplicada, musica e canto, administração escolar e especificidades raras, eram ofertados nos institutos de educação, nos chamados “estudos adicionais”.
As modalidades de cursos de habilitação de professores para a Ed. especial, ensino supletivo, desenho e arte aplicada, musica e canto, administração escolar e especificidades raras, eram ofertados nos institutos de educação, nos chamados “estudos adicionais”.
Na década de 1980, uma reestruturação ocorreu nos cursos de magistério, como a ampliação para quatro anos; surgiram disciplinas direcionadas a metodologia de ensino dos conteúdos específicos e a pratica de ensino passou a ser mais valorizada com estágios nas escolas da comunidade. O magistério passou a constituir uma habilitação de nível médio (segundo Grau). No inicio dos anos 90 o curso de pedagogia passou a assumir a docência do processo de formação como está expresso na LDB (9394/96) que rege esse assunto atualmente.
Os cursos de magistérios contribuíram para melhoria dos procedimentos pedagógicos nas escolas e imprimiram um caráter cientifico e profissional a uma ocupação considerada simples e desqualificada, conforme a característica assim: da de ser realizada por mulheres e em caráter complementar as suas atividades familiares. Pouco a pouco, a atividade de ensinar crianças foi sendo percebida como uma atividade complexa, que necessitava de profissionais capazes de dominar as teorias pedagógicas e metodológicas, além dos conhecimentos científicos de cada disciplina curricular da pré – escola até a 4ª serie. (PARANÁ apud SOARES, 2009, p.104).
Por muito tempo o curso do magistério constitui espaço para a formação de professores. Hoje, embora a profissionalização do magistério da educação básica estar requerendo a definição de um “modelo” para a formação inicial e continuada dos professores, o curso normal de nível médio ainda constitui único espaço de formação para aqueles não tem condições de financiar um estudo em nível superior e, por ele caracterizar-se como espaço de vivencias práticas, do saber a partir da realidade praticada e articulada às teorias educacionais. Portanto, devemos pensar discutir, refletir, tomar decisões e assumir a ideia de resignificar o magistério, de hoje, por meio das políticas educacionais propostas voltadas para a preparação e capacitação dos professores, como direito coletivo da construção de sua profissionalização. Não é querer que o curso normal de nível médio tome o espaço formativo superior, mas sim, igualá-lo em importância na formação do professor.
Referências:
SOARES, M. Desafios na formação dos professores para o século XXI. Disponível em: <https://www.sigaa.ufs.br/sigaa/public/docente/producao.jsf?siape=2222763>. Acessado em: ago/2009.
ROMANOWSKI, J. P. Formação e Profissionalização Docente. Curitiba: Ibpex, 2007.
TANURI, L. M. História da Formação de Professores. Revista Brasileira de Educação. Maio, Jun., JUL, ago., n. 14, 2000.
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