4 de jun. de 2012

Filosofias da Educação na relação Escola - Comunidade

Por: M. Biasi


           
Ao estudarmos os fundamentos da educação percebemos que a psicologia, a filosofia e a antropologia têm realizado importantes contribuições nas questões da aprendizagem, bem como na relação que a escola mantém com a sua comunidade.   Podemos citar como exemplo dessas contribuições o fato de tais fundamentos propiciarem uma reflexão global do campo educativo e sociológico, de forma que os professores possam fundamentar suas práticas de ensino em teorias de desenvolvimento e aprendizagem significativas para a aprendizagem de seus alunos (MELLO, 2011a; VASCONCELOS, 2011;).
Ao buscarmos o conceito de comunidade, encontramos em MELO (2011b, p. 20), a seguinte definição: “trata-se de um grupo coeso cultural e geograficamente cujos interesses em geral aproximam os membros que a constituem. Na comunidade, as pessoas se relacionam mais proximamente, mantendo contatos cotidianos e informais”.  Já por comunidade escolar entendemos o processo de relação dos profissionais da educação com os demais membros da comunidade, ou seja,

Os membros natos da comunidade escolar podem ser divididos entre aqueles internos a escola, ou seja, cujo papel predominante ocorre no interior das relações pedagógicas, funcionais ou da gestão da escola, e aqueles cujos papeis sociais se encontram predominantemente fora da escola. No primeiro grupo encontram-se diretores, coordenadores, professores, funcionários administrativos e operacionais e estudantes. No segundo grupo, encontram-se os pais e outros membros da comunidade, organizados em associações, nas empresas e no comércio local, em ONGs da comunidade, entre outras possibilidades. Esses membros participam, direta ou indiretamente, no cotidiano ou em ocasiões especiais, das atividades escolares. (MELO, 2011b, p. 163).

       A relação entre escola e comunidade tem se caracterizado pela complexidade social e pelos efeitos dessa complexidade na redução do papel da família na educação dos filhos, ao mesmo tempo em que, a escola acaba por ficar com a responsabilidade de educar sozinha as novas gerações. Pois, as famílias veem a escola como local de formação profissional ou ascensão social (no caso das elites), ou seja, seus filhos precisam estudar para encontrar uma ocupação no mercado de trabalho, “ser alguém na vida”, ou tornarem-se membros de grupos importantes (política, religião etc.). Outros fatores que também influenciam essa relação são os aspectos sociais, econômicos e culturais, ao empreenderem as práticas cotidianas. Isso nos leva a compreender a comunidade escolar como um conjunto heterogêneo de expectativas, investimentos e relações com a educação dos filhos.
    Outra característica a ser observada no comportamento das famílias em relação ao investimento educacional diz respeito á trajetória social da família: ascendente ou descendente. “no primeiro caso o investimento em educação tende a ser mais efetivo; no segundo caso, o investimento ficaria comprometido ou, pelo menos, elas teriam menos esperanças na escolarização dos filhos.” (MELO, 2011b, p.105).  Isso pode aproximar a relação com a educação de famílias de posições diferentes na sociedade.

A depender dessa caracterização das famílias, teremos maior ou menor presença dos pais ou responsáveis na escola; teremos mais ou menos qualidade no diálogo entre professores e pais; teremos mais ou menos intervenção das famílias no cotidiano escolar etc. Daí advém à importância do conhecimento sociológico das famílias que compõem à com unidade escolar, já que esse conhecimento poderá facilitar a relação escola e comunidade escolar. (MELO, 2011b, p. 105).

            A gestão democrática apresenta-se como uma das bases para a relação entre escola e comunidade, pois a escola somente pode se abrir de fato para a participação se tiver como princípio a democratização do acesso á escola. Portanto, “a gestão democrática é o meio pelo qual, atualmente, a comunidade é recebida na escola e, com base nos mecanismos democráticos, reiteram-se os espaços para essa participação” (MELO, 2011b, p. 150).
Segundo Paro (2007, p.51-53) são três as formas de participação da comunidade escolar:
As relacionadas aos mecanismos coletivos de participação (conselho da escola, associação de pais e mestres, grêmio estudantil, conselho de classe); as relativas á escolha democrática dos dirigentes escolares; e as que dizem respeito a iniciativas que estimulem e facilitem, por outras vias, o maior envolvimento de alunos, professores e pais nas atividades escolares.

Desse modo é de suma importância a participação das famílias, empresas, associações no âmbito escolar para que juntos possam discutir os caminhos para uma educação efetiva para seus filhos. O professor com os diferentes conhecimentos que traz pode, cotidianamente, convidar a comunidade á participar de projetos desenvolvidos pela escola, tais como: programas de reforço escolar (o voluntariado na escola); eventos culturais; interação escola e comunidade: presença dos pais na escola para acompanhar o aprendizado dos filhos; parcerias e convênios com as diversas entidades a fim de angariar recursos para oferecer novas oportunidades aos estudantes; desenvolvendo assim praticas docentes que contribuem para a promoção da relação entre a escola e a comunidade.
Concluí-se, por fim, ser de suma importância o estudo dos fundamentos da educação para o entendimento de como ocorre a relação entre escola e comunidade, compreendendo a trajetória histórica dos diferentes grupos sociais e seu envolvimento com a educação, seja no campo psicológico, sociológico ou filosófico.
O foco do estudo dos fundamentos da educação não é encontrar respostas prontas para os questionamentos postos, no que tange a complexa relação escola e comunidade, mas, sim, propiciar a reflexão critica de como ocorre esse processo no âmbito da comunidade escolar.

Referências:

MELO. Alessandro. Fundamentos sócio-culturais da educação. Curitiba: IBPEX, 2011.

__________. Relação entre Escola e Comunidade. Curitiba: IBPEX, 2011b.
  
PARO, V. H. Gestão escolar, democrática e qualidade de ensino. São Paulo: Ática, 2007. 

VASCONCELOS, Jose Antônio. Fundamentos Filosóficos da educação. Curitiba:

IBPEX, 2011.


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