6 de jun. de 2012

A afetividade na relação Professor-Aluno

Por: M. Biasi

A afetividade, entre os sujeitos que convivem na sala de aula, é muito importante no processo de ensino e aprendizagem por estar relacionada com o intelecto e a emoção do indivíduo. Os alunos que gostam dos seus professores gostam também do que eles ensinam. A partir do momento que o professor passa a ser acolhedor e afetuoso haverá uma motivação maior e o trabalho fluirá normalmente sem desavenças e incompreensões para o desenvolvimento pessoal do ser humano evoluindo nessa ação pedagógica. Pois, O afeto entre professor – aluno tem influência no rendimento escolar.
“A afetividade é uma condição necessária ao processo de construção do saber, pois a aprendizagem se dá num ambiente físico e harmonioso”. (TIBA, 1996).

Cuidados adequados à idade, carinho, respeito e afeto ao lidar com adolescentes alimenta sua autoestima o que é essencial. Reconhecer e festejar as realizações e conquistas, reforçadas alegremente e estimular sem pressionar a mais uma descoberta, alimentam a autoestima e isto é fundamental (TIBA, 2002, p. 275).

O professor deve empregar o bom humor e a movimentação na sala para tornar a aula uma experiência de vida – não a simples transferência de conteúdo de uma pessoa para outra. Desse modo, ele deixa de ser alguém que fala apenas com letra e sons no quadro negro, para tornar-se um professor que fala com o aluno sobre coisas relevantes para a sua vida.
Nessa perspectiva, a atitude do professor é fundamental para que o relacionamento com o aluno seja de crescimento. O afeto, o carinho, o incentivo, um elogio, um olhar de encantamento, de admiração são momentos que o professor deve aproveitar para estabelecer um ambiente harmônico e saudável na sala de aula, propiciando a interação e a aproximação entre os alunos e com ele próprio.
Pois, já foi comprovado que a falta de afetividade acarretará no aumento da tensão emocional, dos problemas disciplinares, dos aborrecimentos, das fadigas e aprendizagem pouco eficiente na sala de aula, o que inevitavelmente leva a formação de conflitos internos, de ordem emocional, e externos, de ordem social.
Segundo Tiba (2002) conflito, medo, angústia, são apontados como fatores emocionais causadores de quedas no rendimento escolar do aluno. As turbulências na sala de aula deixam o grupo desarticulado, sem saber o que fazer elevando a temperatura emocional de todos e fazem com que o professor perca o controle da situação. É comum deixar o olhar, o movimento somente como transgressão e fonte de transtornos, buscando exercer nela sua multiplicidade de dimensão e significados. É preciso, enfim, olhar o aluno como um ser concreto, uma pessoa completa.
Portanto, o meio físico e o social onde o aluno está inserido são fatores fundamentais no seu desenvolvimento emocional, afetivo e social. A qualidade das relações humanas, das condições econômicas e os estímulos oferecidos terão uma parcela de importância na massa psíquica que construirá a personalidade do aluno.
Segundo Wallon (apud ALMEIDA, 1999, p. 99), “é no ambiente social, nas relações com os outros indivíduos e com o produto do seu trabalho historicamente acumulado na cultura que o homem constrói sua própria individualidade. Afinal, o outro é um elemento necessário para delimitação e a expressão de si mesmo como pessoa.
Nesse sentido, o professor e os demais alunos são interlocutores permanentes, seja no desenvolvimento intelectual, na constituição do caráter do aluno, o que poderá ser desenvolvido individual ou socialmente, quanto do fator emocional, o que concerne às relações estabelecidas e os resultados delas obtidos. No entanto, “para que o processo educacional seja real é necessário que o educador se torne educando e o educando, por sua vez, educador. Quando esta relação não se efetiva, não há educação. (MIZUKAMI, 1986 p. 99).
Portanto, o papel do professor é de mediar e intervir, levando o aluno a acreditar nas suas possibilidades, a arriscar e adquirir experiências que irá transmitir nas suas falas e atos. Só assim a relação professor-aluno se tornará significativa e verdadeira. “Os verdadeiros educadores são aqueles que não só falam, mas também ouvem, respondem aos anseios, dúvidas e angústias dos alunos, são aqueles que percebem os olhares e a relação humana”. (FREIRE, 1996, p. 95).
Com uma boa relação com o seu professor o aluno irá gostar mais da dos conteúdos, assim terá mais facilidade de apropriação do conhecimento. Assim a tarefa educativa deixa de ser árdua para o aluno. E logo poderá se tornar um cidadão participativo, tomando posição no meio social, e desenvolvendo a sabedoria necessária para uma melhor qualidade de vida.


O objetivo do trabalho do professor é a aprendizagem dos alunos. Para que a aprendizagem ocorra, muitos fatores são necessários. Capacidade intelectual e vontade de aprender por parte do aluno conhecimento e capacidade de transmissão de conteúdos por parte do professor, apoio extraclasse por parte dos pais e entre outros. Entretanto, existe um que funciona como grande catalisador: a afetividade. (COLLO, 1999, P. 50).

Portanto, é preciso considerar que o professor também passa por etapas com relação ao desenvolvimento da sua experiência pedagógica. Pois, antes de ser professor ele é uma pessoa como qualquer outra: ri e chora, fica triste e alegre, que acerta, mas que também pode errar. E são nos erros e acertos que sua experiência pedagógica amplia-se em conhecimentos, transformando sua sala de aula num lugar prazeroso e dinâmico.

Referências:

ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala de aula. São Paulo: Vozes, 1999.

COLLO, W. Educação: carinho e trabalho. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MIZUKAMI,  Maria da Graça N.  Ensino As abordagens do processo. São Paulo: Editora Pedagógica Universitária,  1986.

TIBA, Içami. Quem ama, educa. São Paulo: Gente, 2002.

______ Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996.

Nenhum comentário:

Postar um comentário