Livro: A ESCOLA E O CONHECIMENTO: Fundamentos epistemológicos e políticos
Autor: Mário Sérgio Cortella
Editora: Cortez, 2008.
Mario Cortella em sua obra "A escola e o conhecimento" apresenta cenas comuns ao dia a dia dos professores em que diz que o fracasso escolar está tão enraizado nas escolas que os professores atribuem aos alunos a reprovação e a evasão escolar como se dependesse apenas deles a sua própria formação. Nesse contexto os professores estão se esquivando do compromisso social que a educação implica e atribuindo aos colegas das séries anteriores o fracasso na aprendizagem dos alunos. Além de se utilizarem da avaliação e das notas como instrumentos punitivos ao aluno que, segundo o professor, "não estuda". LEIA AS CENAS ABAIXO E REFLITA.
CENA 1: sala dos professores, horário de intervalo. Entra o professor de Matemática (poderia ser qualquer um) do 7° Ano e diz: Esses alunos não sabem nada; vieram sem base nenhuma do 6° ano. Na sala está a professora do 6° ano e ela diz: Isso não é nada, precisava ver como vieram do 5° ano. No ato, rebate o professor do quinto ano: vocês não sabem como eles chegaram da quarta série; tive que fazer uma revisão de tudo que deveriam ter aprendido antes... E assim vai, quase recorrendo a regressão intra-uterina para que as responsabilidades sejam localizadas.
CENA 2: Sala dos professores, final do ano letivo, reunião do conselho de classe. Entra a professora de Ciências da 5° série e, orgulhosa, diz: Comigo não tem moleza. Dos 40 alunos, 20 vão ser reprovados, que é pra eles aprenderem o que é bom! Como se, na atividade educativa, a avaliação da qualidade do trabalho fosse medida pelos fracassos e punições, e os alunos fossem adversários a serem derrotados. Nesta cena, em nota de rodapé, ele acrescenta: Já pensou, na sala de repouso dos médicos em um hospital? Chega um e diz: Gente! Comigo não tem moleza; dos 40 pacientes que eu estava cuidando, 20 vão morrer...
CENA 3: Sala dos professores, final do ano letivo: Hoje eu peguei essa molecada. Estavam fazendo algazarra em sala de aula e mandei todos guardarem o material, pegarem uma folha e caneta, e dei uma prova surpresa. Ficaram quietinhos... Como se a prova (um instrumento de avaliação do conhecimento) devesse ser usada como meio de correção de comportamento disciplinar. Assim sendo, manter a alfabetização como objetivo do primeiro ano do ciclo básico não implicaria punir os alunos que porventura não aprendessem a ler e a escrever nesses períodos, mas, ao contrário, implicaria pautar a proposta didática na expectativa de que é possível ensinar a todos e acreditar que todas as crianças são capazes de aprender e planejar e organizar atividades que atinjam a todos. ( CORTELLA, 2008, p.118).
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