5 de jun. de 2012

A prática pedagógica no Ensino Superior

KIECKHOEFEL, Leomar. Metodologia do Ensino Superior. Massaramduba: IESAD, 2012.

Realizamos uma resenha do livro “Metodologia do Ensino Superior”. Os conteúdos contidos neste livro são de extrema importância para os professores que estão querendo mudar a sua prática, utilizando estratégias diferenciadas no processo de ensino-aprendizagem e na sua formação.
Em sua obra Leomar Kieckhoefel, sintetiza de forma brilhante a idéia de vários autores sobre o tema, propondo a reflexão da formação do professor pesquisador, métodos e práticas pedagógicas e avaliação na atualidade.
O objetivo deste livro é levar o leito a refletir sobre a importância do rigor científico (pesquisa) e da sua presença no cotidiano da sala de aula do Ensino Superior para a formação de profissionais cada vez mais bem preparados, capazes de planejar, avaliar e exercer a docência com sapiência, bem como aclarar aspectos acerca da complexidade que envolve o processo de aprendizagem e a formação do professor.
Ao abordar a pesquisa na formação do professor o autor traz a contribuição de Demo com a seguinte definição para a mesma:

A pesquisa deve ser vista como processo social que perpassa toda vida acadêmica e penetra na medula do professor e do aluno. Sem ela, não há como falar de universidade, se a compreendermos como descoberta e criação. Somente para ensinar não se faz necessária essa instituição e jamais deveria atribuir esse nome a entidades que apenas oferecem aulas. [...] Na ciência, o primeiro princípio é a pesquisa. (DEMO, 2000, p. 36).

A pesquisa é condição essencial no desenvolvimento de qualquer trabalho, é através dela que são delineados os caminhos a seguir no campo educativo, pois revelam as necessidades apresentadas em um determinado contexto.
Portanto, fazendo pesquisa na sua inteireza, teremos condições suficientes para argumentarmos e sustentarmos as nossas descobertas. “Ou seja, haverá algo a ser comunicado, pois a informação não falta, mas há que transformá-la em conhecimento e para isso é necessária a presença de um mediador multimodal: o professor”. (TAVARES, 2000, p. 27).
No que tange ao planejamento, o autor nos esclarece que, pensá-lo no contexto da educação imprime concebê-lo como essencial para a prática pedagógica do professor na Ed. Superior. Ele sustenta o fazer e o pensar do docente, auxiliando-o a conduzir o processo de aprendizagem com mais harmonia e significado.

[...] Planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto. Planejar, não é, pois, apenas algo que se faz antes de agir, mas é também agir em função daquilo que se pensou. [...] Trata-se, ao fim e ao cabo, de antever, projetar uma ação, mas não qualquer: é uma ação a ser realizada (realizar = tornar real); é uma ação, portanto que visa um fim (age-se de tal forma para...), e por sua vez, tanto o fim quanto a ação estão referidos a uma realidade a ser transformada. (VASCONCELLOS, 2000, p. 79).

Nessa perspectiva, não tem como desenvolver o planejamento sem pensar um trabalho em grupo, com o envolvimento de todos, pois o mesmo é idealizado com qualidade quando parte de algo que inquieta e é importante para as pessoas. O ato de planejar envolve as pessoas, por isso se diz que o planejamento fomenta a interação, por ser dinâmico e flexível, abre espaço para o diálogo, “abre-se mão de convicções em prol de um benefício que pode ser útil para muitos. Em outros casos, outros deixam os seus desejos para enaltecer os sonhos de terceiros. Isso é uma condição básica do ser humano para manter as suas relações interpessoais e aprender intrapessoalmente (KIECKHOEFEL, 2012, p.16).
Ao tratar das tendências educacionais, o autor nos apresenta as diferentes concepções:
Tradicional: a educação é um produto, privilegia-se a memorização, o ensino é enciclopédico, tendo o professor como detentor do saber e o aluno um agente passivo, sendo avaliado através de provas e exames;
Tecnicista: a educação privilegia a técnica e a instrução, o professor é o técnico responsável pela produtividade do aluno, através de módulos e manuais, sendo avaliadas por sua eficácia e eficiência;
 Libertadora: ênfase ao não-formal. É crítica, questiona as relações do homem no seu meio. Transforma o aluno no sentido libertário, como forma de resistência ao Estado, método dialógico, o professor é conselheiro, monitor à disposição do sujeito, os conteúdos são extraídos da prática do cotidiano do aluno e é concebida a autoavaliação;
Crítica-social: concebe o ensino como transmissão intencional e sistemática de conteúdos culturais e científicos, a partir do entendimento de cultura como expressão das contradições e lutas concretas da sociedade, professor é autoridade competente que direciona o processo de ensino e de aprendizagem, a avaliação recusa tanto os prêmios quanto os castigos e, portanto, os processos classificatórios (exames, notas, etc.), bem como relações de ensino e de aprendizagem fundadas em critérios competitivos;
Metadisciplinar: o ensino pressupõe a busca da coerência entre o falar e o fazer, rompendo com abismo entre a teoria e a prática, estabelecidas nos pilares da Metadisciplinaridade, o professor assume relação de assessor, acreditando que todos aprendem os conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentais, a avaliação parte das dificuldades e avanços como ponto de partida, por meio do processofólio do aluno e portfólio do professor, para redimensionar sua prática;
Ao tratar o tema avaliação em sua obra o autor pontua que

A avaliação da aprendizagem se faz presente na vida de todos nós que, de alguma forma, estamos comprometidos com atos e práticas educativas. Pais, educadores, educandos, gestores das atividades educativas públicas e particulares, administradores da educação, todos, estamos comprometidos com esse fenômeno que cada vez mais ocupa espaço em nossas preocupações educativas. (LUCKESI, 2005, p. 07).

Para Haydt (1997, p. 28), “[...] a avaliação não deve ser semelhante à um meteorito que cai repentinamente dos céus para castigar alunos indisciplinados, ou para preencher a aula, quando o professor não tiver tido tempo para prepará-la”. A avaliação é um processo e como tal deve ser encarada. Portanto, “ela precisa fazer parte da rotina da sala de aula, sendo utilizada periodicamente como um dos aspectos integrantes do processo de aprendizagem”.
Diz, ainda, Sant’Anna (1995, p. 24),

O professor, ao avaliar, deverá ter em vista o desenvolvimento integral do aluno. Assim, comparando os resultados obtidos, ao final, com a sondagem inicial, observando o esforço do aluno de acordo com suas condições permanentes e temporárias, constatará o que ele alcançou e quais as suas possibilidades para um trabalho futuro.

            Assim, sendo um processo constante na prática educativa, poderá ocorrer mudança da prática de avaliação, o que implica numa revisão de concepções de aprendizagem.
 O autor conclui sua obra com o tema formação, pois pensar a educação e a formação do professor é uma necessidade de nossos tempos, é uma forma de construir e reconstruir constantemente atitudes, teorias e objetivos que cerceiam a formação do homem. (PERRENOUD, 2000).
Piaget (apud Kieckhoefel, 2012) destaca que a formação de professores é extensa e complexa,  é importante para o professor tomar consciência do que faz ou pensa a respeito de sua ação educativa, tendo uma visão crítica das atividades e procedimentos realizados na sala de aula e dos valores culturais de sua função docente, adotando uma postura de pesquisador e não apenas de transmissor, para um melhor conhecimento dos conteúdos escolares e das características do desenvolvimento e aprendizagem de seus alunos. Nessa perspectiva, é necessário pensar acerca de como se deu/dá o processo de formação dos professores.
Severino (2001, p. 189) salienta que

A formação do educador, à luz de uma concepção de educação comprometida com o processo social, exige que ele seja pensado como um profissional com capacidade de inovação, de participação nos processos de tomada de decisão, de produção de conhecimento, de participação ativa nos processos de reconstrução da sociedade, via implementação da cidadania.

Silva (2006) diz que para definir o processo de formação docente além de sua certificação oficial, opta-se por conceituá-la como “formação continuada”, que neste momento, expressa a amplitude necessária do conceito de construção desse profissional.

[...] um dos objetivos da formação contínua deve ser o alargamento das capacidades de automização, e, portanto, de iniciativa e de criatividade [...] a Educação dos Adultos se caracteriza por uma pedagogia que tem como objetivo ‘aprender a aprender’ e que concederá um lugar de destaque à reflexão sobre as experiências formadoras que marcam as histórias de vida. (JOSSO, 1988, p. 38-9).

Portanto, é preciso ao professor, formar-se, reformular-se, pesquisar e aprender a aprender continuamente sua prática educativa, de forma a desenvolver uma atitude ativa, política e equalizadora da educação. Pois, o crescimento profissional, se dá principalmente no crescimento pessoal. Um professor bem preparado tem maiores chances de sucesso em suas tarefas. Cabe ressaltar que foi de extrema importância a realização desta resenha, constituindo um material rico para a reflexão acerca da nossa formação.

M. Biasi

Coautoras:
A.   D.  Passos
E. A.  Felipe
G. S. M.  Oliveira

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