30 de jun. de 2012

Entre os muros da Escola


Entre os Muros da Escola
Filme: ENTRE OS MUROS DA ESCOLA

François Marin (François Bégaudeau) trabalha como professor de língua francesa em uma escola de ensino médio, localizada na periferia de Paris. Ele e seus colegas de ensino buscam apoio mútuo na difícil tarefa de fazer com que os alunos aprendam algo ao longo do ano letivo. François busca estimular seus alunos, mas o descaso e a falta de educação são grandes complicadores. Esse o filme deixa claro, explicitamente, a incapacidade da escola em resolver os seus próprios problemas. A escola lida com alunos globalizados (provenientes de culturas diversas) do século 21 da mesma forma que lidou com os alunos provincianos (monoculturais) do século 19. O enredo é sensacional e o desfecho final do filme surpreendente! Vale a pena assistir.



Ficha Técnica:
Gênero: Drama
Ano: 2008
Diretor: Laurent Cantet
Áudio: Frances/Português
Legenda: Português
Duração: 128 minutos



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25 de jun. de 2012

Projeto: Aprendendo e brincando com a música Aquarela

Turma: Jardim ou Pré-Escola
Duração: 1 mês.

JustificativaAs crianças precisam desde cedo estar em contanto constante com a experiência musical. A musicalidade articula importantes aspectos do desenvolvimento infantil, como por exemplo, desenvolve a manifestação artística e expressiva, a aptidão criadora, o reconhecimento dos valores afetivos, além de facilitar a aprendizagem de conceitos por parte da criança: matemática, linguagem oral e escrita. A música também propicia a socialização tornando a aprendizagem prazerosa e estimulante. A música e sua ligação com outras áreas do conhecimento permite múltiplas abordagens interdisciplinares beneficiando tando o processo educacional como um todo, quanto favorecendo a aprendizagem da própria música (ROMANELLI, 2009).


Música é arte [...] seu papel na Educação Infantil é o de 
proporcionar um momento  de prazer ao ouvir, cantar, tocar e 
inventar sons e ritmos. Por este caminho, envolve o sujeito 
como um todo, influindo, beneficamente, nos diferentes 
aspectos de sua personalidade: suscitando variadas emoções, 
liberando tensões, inspirando idéias e imagens, estimulando 
percepções, acionando movimentos corporais e favorecendo 
as relações interindividuais. (BORGES, 2003, p.115)

Portanto, a música, segundo o RCNEI (1998), pode contribuir para tornar o ambiente educativo mais alegre e favorável à aprendizagem, propiciar uma alegria que seja vivida no momento presente e isso é a dimensão essencial da pedagogia, e é  preciso que os esforços das crianças sejam estimulados, compensados e recompensados por esse ambiente.

Objetivos:
Proporcionar a vivência musical;
Desenvolver a sensibilidade através do trabalho com o ritmo, os estímulos musicais e visuais;
Desenvolver a expressividade e conceitos mundo;
Trabalhar a linguagem oral e escrita e conceitos matemáticos;

Atividades significativas:
  • Assistir vídeo da música Aquarela de Toquinho e produzir um painel multicolorido do arco-íris com as crianças usando tinta guache;
  • Ouvir a musica Aquarela na sala de atividades e propor às crianças que produzam desenhos de objetos e/ou pessoas que foi mencionado na música para compor o painel do arco-íris usando giz de cera, lápis de cor ou outro material da preferencia das crianças;
  • Cantar com as crianças a música  Aquarela e brincar de imitar os movimentos solicitados: se eu fosse um avião...entorno da mão eu desenho uma luva... entre outros e fazer sons com o corpo;
  • Representar a música Aquarela através de quadrinhos feitos com a técnica de recorte e colagem utilizando diferentes materiais;
  • Produzir instrumentos musicais com materiais recicláveis ou não e fazer o acompanhamento rítmico da música, enquanto cantam;
  • Fazer a releitura da música Aquarela montando um livro com ilustrações dos trechos da música, para cada trecho escrito na página do livro desenhar uma figura correspondente (essa atividade dura vários dias): Fazer uma capa bem linda com fotos das crianças e um titulo bem criativo; Desenhar um sol amarelo, circulo amarelo com palitos de fósforos; Desenhar um castelo com raspas de lápis de cor enfeitado com bolinhas de papel colorido; Contornar a mão na folha e pintar com tinta guache; Desenhar um guarda-chuva  e enfeitar com recortes de tecidos coloridos, cabo preencher com cola gliter colorida; Pintar o papel de azul e desenhar uma ave contornando ela com barbante; Fazer um barquinho de papel dobradura e ilustrar o mar; Fazer o recorte de um avião com papel cartão e colar algodão ilustrando a nuvem; Fazer um círculo com canudinhos em torno de uma figura do planeta terra para representar o mundo; Desenhar um pequeno arco-íris com uma aquarela utilizando lápis de cor colorido e uma outra figura "descolorida" em tom cinza; (o livro pode ter o tamanho que a turma desejar e as suas "folhas" podem ser feitas de papelão, pano, tecido ou outro material, ou todos respectivamente - usar a criatividade!).

AQUARELA

Toquinho
Composição: Toquinho / Vinicius de Moraes / G.Morra / M.Fabrizio

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...


Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...


Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...


Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Branco navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...


Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...


Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...


Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...
 


De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...
 


Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...


E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...
 


Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...


Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
(Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
(Que descolorirá!)
Giro um simples compasso
Num círculo eu faço
O mundo
(Que descolorirá!)...




Assistir vídeo da música Aquarela
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Referências:

BORGES, Teresa Maria Machado. A criança em idade pré-escolar: desenvolvimento e educação. 3°ed. Revisada e atualizada. Rio de Janeiro, 2003.


BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para educação infantilBrasília: MEC/SEF, 1998.

ROMANELLI, Guilherme. A música que soa na escola: estudo etnográfico nas séries iniciais do ensino fundamental. Educar em Revista, Curitiba, n.34. 2009.

6 de jun. de 2012

A afetividade na relação Professor-Aluno

Por: M. Biasi

A afetividade, entre os sujeitos que convivem na sala de aula, é muito importante no processo de ensino e aprendizagem por estar relacionada com o intelecto e a emoção do indivíduo. Os alunos que gostam dos seus professores gostam também do que eles ensinam. A partir do momento que o professor passa a ser acolhedor e afetuoso haverá uma motivação maior e o trabalho fluirá normalmente sem desavenças e incompreensões para o desenvolvimento pessoal do ser humano evoluindo nessa ação pedagógica. Pois, O afeto entre professor – aluno tem influência no rendimento escolar.
“A afetividade é uma condição necessária ao processo de construção do saber, pois a aprendizagem se dá num ambiente físico e harmonioso”. (TIBA, 1996).

Cuidados adequados à idade, carinho, respeito e afeto ao lidar com adolescentes alimenta sua autoestima o que é essencial. Reconhecer e festejar as realizações e conquistas, reforçadas alegremente e estimular sem pressionar a mais uma descoberta, alimentam a autoestima e isto é fundamental (TIBA, 2002, p. 275).

O professor deve empregar o bom humor e a movimentação na sala para tornar a aula uma experiência de vida – não a simples transferência de conteúdo de uma pessoa para outra. Desse modo, ele deixa de ser alguém que fala apenas com letra e sons no quadro negro, para tornar-se um professor que fala com o aluno sobre coisas relevantes para a sua vida.
Nessa perspectiva, a atitude do professor é fundamental para que o relacionamento com o aluno seja de crescimento. O afeto, o carinho, o incentivo, um elogio, um olhar de encantamento, de admiração são momentos que o professor deve aproveitar para estabelecer um ambiente harmônico e saudável na sala de aula, propiciando a interação e a aproximação entre os alunos e com ele próprio.
Pois, já foi comprovado que a falta de afetividade acarretará no aumento da tensão emocional, dos problemas disciplinares, dos aborrecimentos, das fadigas e aprendizagem pouco eficiente na sala de aula, o que inevitavelmente leva a formação de conflitos internos, de ordem emocional, e externos, de ordem social.
Segundo Tiba (2002) conflito, medo, angústia, são apontados como fatores emocionais causadores de quedas no rendimento escolar do aluno. As turbulências na sala de aula deixam o grupo desarticulado, sem saber o que fazer elevando a temperatura emocional de todos e fazem com que o professor perca o controle da situação. É comum deixar o olhar, o movimento somente como transgressão e fonte de transtornos, buscando exercer nela sua multiplicidade de dimensão e significados. É preciso, enfim, olhar o aluno como um ser concreto, uma pessoa completa.
Portanto, o meio físico e o social onde o aluno está inserido são fatores fundamentais no seu desenvolvimento emocional, afetivo e social. A qualidade das relações humanas, das condições econômicas e os estímulos oferecidos terão uma parcela de importância na massa psíquica que construirá a personalidade do aluno.
Segundo Wallon (apud ALMEIDA, 1999, p. 99), “é no ambiente social, nas relações com os outros indivíduos e com o produto do seu trabalho historicamente acumulado na cultura que o homem constrói sua própria individualidade. Afinal, o outro é um elemento necessário para delimitação e a expressão de si mesmo como pessoa.
Nesse sentido, o professor e os demais alunos são interlocutores permanentes, seja no desenvolvimento intelectual, na constituição do caráter do aluno, o que poderá ser desenvolvido individual ou socialmente, quanto do fator emocional, o que concerne às relações estabelecidas e os resultados delas obtidos. No entanto, “para que o processo educacional seja real é necessário que o educador se torne educando e o educando, por sua vez, educador. Quando esta relação não se efetiva, não há educação. (MIZUKAMI, 1986 p. 99).
Portanto, o papel do professor é de mediar e intervir, levando o aluno a acreditar nas suas possibilidades, a arriscar e adquirir experiências que irá transmitir nas suas falas e atos. Só assim a relação professor-aluno se tornará significativa e verdadeira. “Os verdadeiros educadores são aqueles que não só falam, mas também ouvem, respondem aos anseios, dúvidas e angústias dos alunos, são aqueles que percebem os olhares e a relação humana”. (FREIRE, 1996, p. 95).
Com uma boa relação com o seu professor o aluno irá gostar mais da dos conteúdos, assim terá mais facilidade de apropriação do conhecimento. Assim a tarefa educativa deixa de ser árdua para o aluno. E logo poderá se tornar um cidadão participativo, tomando posição no meio social, e desenvolvendo a sabedoria necessária para uma melhor qualidade de vida.


O objetivo do trabalho do professor é a aprendizagem dos alunos. Para que a aprendizagem ocorra, muitos fatores são necessários. Capacidade intelectual e vontade de aprender por parte do aluno conhecimento e capacidade de transmissão de conteúdos por parte do professor, apoio extraclasse por parte dos pais e entre outros. Entretanto, existe um que funciona como grande catalisador: a afetividade. (COLLO, 1999, P. 50).

Portanto, é preciso considerar que o professor também passa por etapas com relação ao desenvolvimento da sua experiência pedagógica. Pois, antes de ser professor ele é uma pessoa como qualquer outra: ri e chora, fica triste e alegre, que acerta, mas que também pode errar. E são nos erros e acertos que sua experiência pedagógica amplia-se em conhecimentos, transformando sua sala de aula num lugar prazeroso e dinâmico.

Referências:

ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala de aula. São Paulo: Vozes, 1999.

COLLO, W. Educação: carinho e trabalho. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MIZUKAMI,  Maria da Graça N.  Ensino As abordagens do processo. São Paulo: Editora Pedagógica Universitária,  1986.

TIBA, Içami. Quem ama, educa. São Paulo: Gente, 2002.

______ Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996.

O papel do lúdico na Literatura infantil

Por: M. Biasi

A ludicidade é um recurso importante para o estímulo da leitura na sala de aula, de forma a propiciar ao professor um subsidio para melhorar a sua prática pedagógica, uma reestruturação no uso correto destas ferramentas, para que as crianças tenham a oportunidade de desfrutar da literatura e todos os seus encantos. O Lúdico envolve a criança como se fizesse parte dela como um todo, como sendo a própria brincadeira. O meio social no qual a criança encontra-se inserida exerce imensa influência no desenvolvimento de seu hábito de leitura e em sua maneira de conceber os benefícios e utilidade de torna-se um leitor competente.

O despertar do interesse pelos livros passa obrigatoriamente pelos primeiros anos e pela escolarização. As crianças que não puderem beneficiar-se desse estímulo estarão certamente prejudicadas em relação às demais que, pelo meio familiar e escolar, descobriram a leitura. Assim os adultos têm um papel decisivo na iniciação que poderá transformar-se em prazer ou desprazer quase que definitivos [...] (YUNES; PONDÉ, 1988, p. 56).

A literatura infantil facilita o acesso da criança ao mundo da fantasia, da imaginação, da criatividade e estimula o contato dela com a leitura e a escrita. A imaginação é a chave para a criação do novo, bem como a construção de uma identidade pessoal. Isto ocorre porque a arte fertiliza a imaginação das crianças.
Contar e ouvir histórias são essenciais para o desenvolvimento afetivo e cognitivo das crianças. Portanto, não podemos esquecer que o ato de contar histórias representa um estímulo, para que as crianças passem a contá-las e a criá-las, neste sentido o papel da família e da escola é fundamental, podendo tornar-se uma referência para a própria criança como fonte do imaginário e do prazer de interagir com outrem. Santos (2001, p. 143) afirma que,

O papel do professor é de fundamental importância, pois ele deve observar estas manifestações e, através destas, interagir como facilitador da aprendizagem. É importante, através da observação das atividades, repensar e adequar à prática, propondo sempre novas atividades, procurando manter sempre os desafios e a motivação.

A escolha dos títulos é de suma importância, sendo fundamental selecionar textos adequados à faixa etária das crianças, que não sejam muito longos e que tenham ilustrações interessantes. Além disso, a diversidade é fator fundamental: histórias, contos, parlendas, contos de fadas, gibis, textos jornalísticos, publicitários, poemas, poesias, dentre outros, apresentados de formas diversificadas: leituras, contação de história, dramatização com fantoches, fantasias, com o corpo, etc., utilizando sucatas. Em decorrência destes fatos nos propomos a apoiar a ideia de Santos (2001, p. 197) esse objetos são também agentes de socialização, pois através deles a criança interioriza valores e crenças. “Sendo instrumentos de inserção social, contêm ordens veladas e padrões de comportamento”.
O que podemos entender como instrumentos de inserção ao mundo, senão os atrativos visuais dos livros e revistas, cores, formas, designer ou ainda em recursos dinâmicos acabamos por descobrir que o prazer de ler é o primeiro passo para formar leitores, porém há de se estimular e amparar àqueles que sequer têm acesso ao livro. Ir para a escola é “fazer de tudo um pouco – estudar, pensar e desenhar, pintar, cantar e dançar, brincar e trabalhar. De tudo um pouco, todos os dias” (FULGHUM, 1998, s. p).
Os jogos e as brincadeiras caracterizam situações em que a criança realiza, constrói e se apropriam do conhecimento sistematizado ou conceitos nas mais diversas ordens. Eles propiciam, igualmente, a construção e a ampliação dos conceitos das varias áreas do conhecimento. Nesse aspecto, o ato de brincar assume papel didático e pode ser explorado na literatura infantil condicionado o processo educativo.
A dramatização e ou as brincadeiras faz de conta também levam as crianças a vivenciar a historia, isto é importante para a socialização com os outros e a historia em si. Pois, mesmo que a criança não conhece a escrita deve ter contato com livros e, no decorrer da sua vida, ira adquirir o habito da leitura.
Desse modo, acredita-se que, a partir do entusiasmo que a criança alimenta pela literatura, surgirá o seu interesse para aprender o código escrito, o qual passará a possuir significado para ela, desenvolvendo suas potencialidades para criar e expor suas ideias.
É comprovado que os professores e o espaço escolar possuem um papel fundamental no desenvolvimento do hábito da leitura e escrita dos alunos. Os professores devem proporcionar experiências variadas e coletivas de incentivo à leitura, além de apoiar e orientar os pais para esta atividade em casa. Já a escola deve ter bibliotecas equipadas e programas de incentivo à leitura não somente para os alunos, mas também para toda a comunidade.

Referências
  
FULGHUM, Robert. Tudo que devia saber na vida aprendi no jardim-de-infância.
SL. Best Seller, 1998.

SANTOS, Santa Marli Pires dos (Org.). A Ludicidade como Ciência. Petrópolis: Vozes, 2001.

YUNES, Eliana; PONDÉ. Leitura e leituras da literatura infantil. São Paulo: FTD,
1988.

A escola e o conhecimento


Livro: A ESCOLA E O CONHECIMENTO: Fundamentos epistemológicos e políticos
Autor: Mário Sérgio Cortella
Editora: Cortez, 2008.




Mario Cortella  em sua obra "A escola e o conhecimento" apresenta cenas comuns ao dia a dia dos professores em que diz que o fracasso escolar está tão enraizado nas escolas que os professores atribuem aos alunos a reprovação e a evasão escolar como se dependesse apenas deles a sua própria formação. Nesse contexto os professores estão se esquivando do compromisso social que a educação implica e atribuindo aos colegas das séries anteriores o fracasso na aprendizagem dos alunos. Além de se utilizarem da avaliação e das notas como instrumentos punitivos ao aluno que, segundo o professor, "não estuda". LEIA AS CENAS ABAIXO E REFLITA.

CENA 1: sala dos professores, horário de intervalo. Entra o professor de Matemática (poderia ser qualquer um) do 7° Ano e diz: Esses alunos não sabem nada; vieram sem base nenhuma do 6° ano. Na sala está a professora do 6° ano e ela diz: Isso não é nada, precisava ver como vieram do 5° ano. No ato, rebate o professor do quinto ano: vocês não sabem como eles chegaram da quarta série; tive que fazer uma revisão de tudo que deveriam ter aprendido antes... E assim vai, quase recorrendo a regressão intra-uterina para que as responsabilidades sejam localizadas.

CENA 2: Sala dos professores, final do ano letivo, reunião do conselho de classe. Entra a professora de Ciências da 5° série e, orgulhosa, diz: Comigo não tem moleza. Dos 40 alunos, 20 vão ser reprovados, que é pra eles aprenderem o que é bom! Como se, na atividade educativa, a avaliação da qualidade do trabalho fosse medida pelos fracassos e punições, e os alunos fossem adversários a serem derrotados. Nesta cena, em nota de rodapé, ele acrescenta: Já pensou, na sala de repouso dos médicos em um hospital? Chega um e diz: Gente! Comigo não tem moleza; dos 40 pacientes que eu estava cuidando, 20 vão morrer...

CENA 3: Sala dos professores, final do ano letivo: Hoje eu peguei essa molecada. Estavam fazendo algazarra em sala de aula e mandei todos guardarem o material, pegarem uma folha e caneta, e dei uma prova surpresa. Ficaram quietinhos... Como se a prova (um instrumento de avaliação do conhecimento) devesse ser usada como meio de correção de comportamento disciplinar. Assim sendo, manter a alfabetização como objetivo do primeiro ano do ciclo básico não implicaria punir os alunos que porventura não aprendessem a ler e a escrever nesses períodos, mas, ao contrário, implicaria pautar a proposta didática na expectativa de que é possível ensinar a todos e acreditar que todas as crianças são capazes de aprender e planejar e organizar atividades que atinjam a todos.( CORTELLA, 2008, p.118).





5 de jun. de 2012

A formação social da mente - Lev Vygotsky


Livro: A FORMAÇÃO SOCIAL DA MENTE
Editora: Martins Fontes, 2007. 
Considerado por todos como a grande obra deixada por Vygotsky, o livro "A formação social da mente" trata de forma brilhante sobre o desenvolvimento e a aprendizagem numa perspectiva sociointeracionalista.
Vygotsky desenvolveu uma teoria baseada nos princípios da psicologia denominada "Desenvolvimento Psicológicos Superiores", no campo da educação essa teoria se traduziu no conceito de ZDP - Zona de Desenvolvimento Proximal, que representa a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro.
O livro aborda também sobre o brinquedo e a linguagem na educação.






A prática pedagógica no Ensino Superior

KIECKHOEFEL, Leomar. Metodologia do Ensino Superior. Massaramduba: IESAD, 2012.

Realizamos uma resenha do livro “Metodologia do Ensino Superior”. Os conteúdos contidos neste livro são de extrema importância para os professores que estão querendo mudar a sua prática, utilizando estratégias diferenciadas no processo de ensino-aprendizagem e na sua formação.
Em sua obra Leomar Kieckhoefel, sintetiza de forma brilhante a idéia de vários autores sobre o tema, propondo a reflexão da formação do professor pesquisador, métodos e práticas pedagógicas e avaliação na atualidade.
O objetivo deste livro é levar o leito a refletir sobre a importância do rigor científico (pesquisa) e da sua presença no cotidiano da sala de aula do Ensino Superior para a formação de profissionais cada vez mais bem preparados, capazes de planejar, avaliar e exercer a docência com sapiência, bem como aclarar aspectos acerca da complexidade que envolve o processo de aprendizagem e a formação do professor.
Ao abordar a pesquisa na formação do professor o autor traz a contribuição de Demo com a seguinte definição para a mesma:

A pesquisa deve ser vista como processo social que perpassa toda vida acadêmica e penetra na medula do professor e do aluno. Sem ela, não há como falar de universidade, se a compreendermos como descoberta e criação. Somente para ensinar não se faz necessária essa instituição e jamais deveria atribuir esse nome a entidades que apenas oferecem aulas. [...] Na ciência, o primeiro princípio é a pesquisa. (DEMO, 2000, p. 36).

A pesquisa é condição essencial no desenvolvimento de qualquer trabalho, é através dela que são delineados os caminhos a seguir no campo educativo, pois revelam as necessidades apresentadas em um determinado contexto.
Portanto, fazendo pesquisa na sua inteireza, teremos condições suficientes para argumentarmos e sustentarmos as nossas descobertas. “Ou seja, haverá algo a ser comunicado, pois a informação não falta, mas há que transformá-la em conhecimento e para isso é necessária a presença de um mediador multimodal: o professor”. (TAVARES, 2000, p. 27).
No que tange ao planejamento, o autor nos esclarece que, pensá-lo no contexto da educação imprime concebê-lo como essencial para a prática pedagógica do professor na Ed. Superior. Ele sustenta o fazer e o pensar do docente, auxiliando-o a conduzir o processo de aprendizagem com mais harmonia e significado.

[...] Planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto. Planejar, não é, pois, apenas algo que se faz antes de agir, mas é também agir em função daquilo que se pensou. [...] Trata-se, ao fim e ao cabo, de antever, projetar uma ação, mas não qualquer: é uma ação a ser realizada (realizar = tornar real); é uma ação, portanto que visa um fim (age-se de tal forma para...), e por sua vez, tanto o fim quanto a ação estão referidos a uma realidade a ser transformada. (VASCONCELLOS, 2000, p. 79).

Nessa perspectiva, não tem como desenvolver o planejamento sem pensar um trabalho em grupo, com o envolvimento de todos, pois o mesmo é idealizado com qualidade quando parte de algo que inquieta e é importante para as pessoas. O ato de planejar envolve as pessoas, por isso se diz que o planejamento fomenta a interação, por ser dinâmico e flexível, abre espaço para o diálogo, “abre-se mão de convicções em prol de um benefício que pode ser útil para muitos. Em outros casos, outros deixam os seus desejos para enaltecer os sonhos de terceiros. Isso é uma condição básica do ser humano para manter as suas relações interpessoais e aprender intrapessoalmente (KIECKHOEFEL, 2012, p.16).
Ao tratar das tendências educacionais, o autor nos apresenta as diferentes concepções:
Tradicional: a educação é um produto, privilegia-se a memorização, o ensino é enciclopédico, tendo o professor como detentor do saber e o aluno um agente passivo, sendo avaliado através de provas e exames;
Tecnicista: a educação privilegia a técnica e a instrução, o professor é o técnico responsável pela produtividade do aluno, através de módulos e manuais, sendo avaliadas por sua eficácia e eficiência;
 Libertadora: ênfase ao não-formal. É crítica, questiona as relações do homem no seu meio. Transforma o aluno no sentido libertário, como forma de resistência ao Estado, método dialógico, o professor é conselheiro, monitor à disposição do sujeito, os conteúdos são extraídos da prática do cotidiano do aluno e é concebida a autoavaliação;
Crítica-social: concebe o ensino como transmissão intencional e sistemática de conteúdos culturais e científicos, a partir do entendimento de cultura como expressão das contradições e lutas concretas da sociedade, professor é autoridade competente que direciona o processo de ensino e de aprendizagem, a avaliação recusa tanto os prêmios quanto os castigos e, portanto, os processos classificatórios (exames, notas, etc.), bem como relações de ensino e de aprendizagem fundadas em critérios competitivos;
Metadisciplinar: o ensino pressupõe a busca da coerência entre o falar e o fazer, rompendo com abismo entre a teoria e a prática, estabelecidas nos pilares da Metadisciplinaridade, o professor assume relação de assessor, acreditando que todos aprendem os conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentais, a avaliação parte das dificuldades e avanços como ponto de partida, por meio do processofólio do aluno e portfólio do professor, para redimensionar sua prática;
Ao tratar o tema avaliação em sua obra o autor pontua que

A avaliação da aprendizagem se faz presente na vida de todos nós que, de alguma forma, estamos comprometidos com atos e práticas educativas. Pais, educadores, educandos, gestores das atividades educativas públicas e particulares, administradores da educação, todos, estamos comprometidos com esse fenômeno que cada vez mais ocupa espaço em nossas preocupações educativas. (LUCKESI, 2005, p. 07).

Para Haydt (1997, p. 28), “[...] a avaliação não deve ser semelhante à um meteorito que cai repentinamente dos céus para castigar alunos indisciplinados, ou para preencher a aula, quando o professor não tiver tido tempo para prepará-la”. A avaliação é um processo e como tal deve ser encarada. Portanto, “ela precisa fazer parte da rotina da sala de aula, sendo utilizada periodicamente como um dos aspectos integrantes do processo de aprendizagem”.
Diz, ainda, Sant’Anna (1995, p. 24),

O professor, ao avaliar, deverá ter em vista o desenvolvimento integral do aluno. Assim, comparando os resultados obtidos, ao final, com a sondagem inicial, observando o esforço do aluno de acordo com suas condições permanentes e temporárias, constatará o que ele alcançou e quais as suas possibilidades para um trabalho futuro.

            Assim, sendo um processo constante na prática educativa, poderá ocorrer mudança da prática de avaliação, o que implica numa revisão de concepções de aprendizagem.
 O autor conclui sua obra com o tema formação, pois pensar a educação e a formação do professor é uma necessidade de nossos tempos, é uma forma de construir e reconstruir constantemente atitudes, teorias e objetivos que cerceiam a formação do homem. (PERRENOUD, 2000).
Piaget (apud Kieckhoefel, 2012) destaca que a formação de professores é extensa e complexa,  é importante para o professor tomar consciência do que faz ou pensa a respeito de sua ação educativa, tendo uma visão crítica das atividades e procedimentos realizados na sala de aula e dos valores culturais de sua função docente, adotando uma postura de pesquisador e não apenas de transmissor, para um melhor conhecimento dos conteúdos escolares e das características do desenvolvimento e aprendizagem de seus alunos. Nessa perspectiva, é necessário pensar acerca de como se deu/dá o processo de formação dos professores.
Severino (2001, p. 189) salienta que

A formação do educador, à luz de uma concepção de educação comprometida com o processo social, exige que ele seja pensado como um profissional com capacidade de inovação, de participação nos processos de tomada de decisão, de produção de conhecimento, de participação ativa nos processos de reconstrução da sociedade, via implementação da cidadania.

Silva (2006) diz que para definir o processo de formação docente além de sua certificação oficial, opta-se por conceituá-la como “formação continuada”, que neste momento, expressa a amplitude necessária do conceito de construção desse profissional.

[...] um dos objetivos da formação contínua deve ser o alargamento das capacidades de automização, e, portanto, de iniciativa e de criatividade [...] a Educação dos Adultos se caracteriza por uma pedagogia que tem como objetivo ‘aprender a aprender’ e que concederá um lugar de destaque à reflexão sobre as experiências formadoras que marcam as histórias de vida. (JOSSO, 1988, p. 38-9).

Portanto, é preciso ao professor, formar-se, reformular-se, pesquisar e aprender a aprender continuamente sua prática educativa, de forma a desenvolver uma atitude ativa, política e equalizadora da educação. Pois, o crescimento profissional, se dá principalmente no crescimento pessoal. Um professor bem preparado tem maiores chances de sucesso em suas tarefas. Cabe ressaltar que foi de extrema importância a realização desta resenha, constituindo um material rico para a reflexão acerca da nossa formação.

M. Biasi

Coautoras:
A.   D.  Passos
E. A.  Felipe
G. S. M.  Oliveira

4 de jun. de 2012

A Cabana

Download   Livro A Cabana Livro: A CABANA

A filha de seis anos de Mackenzie Allen Philip foi raptada durante uma colônia de férias e há evidências de que ela foi brutalmente assassinada e abandonada numa cabana. Quatro anos mais tarde, Mack recebe uma nota suspeita, aparentemente vinda de Deus, convidando-o para voltar aquele cabana para enfrentar os seus medos.
Apesar de desconfiado, ele vai ao local numa tarde de inverno e adentra passo a passo o cenário de seu   mais terrível pesadelo. Mas o que ele encontra lá muda o seu destino para sempre. Em um mundo cruel e injusto. A cabana levanta um questionamento atemporal: se Deus é tão poderoso, por que não faz nada para amenizar o nosso sofrimento? As respostas que Mack encontra vão surpreender você e pode transformar sua vida de maneira tão profunda como aconteceu com ele. O livro vai mudar a sua maneira de ver o mundo.


A Cabana é um livro escrito pelo canadense William P. Young, lançado originalmente em 2007.

O óleo de Lorenzo

O Óleo de Lorenzo
Filme: O ÓLEO DE LORENZO

Baseado em uma história real. Lorenzo levava uma vida normal até seus seis anos quando estranhas coisas aconteceram, pois ele passou a ter diversos problemas de ordem mental que foram diagnosticados como ALD, uma doença extremamente rara que provoca uma incurável degeneração no cérebro, levando o paciente à morte em no máximo dois anos. Seus pais ficam frustrados com o fracasso dos médicos e a falta de medicamento para uma doença desta natureza. Assim, começam a estudar e a pesquisar sozinhos, na esperança de descobrir algo que possa deter o avanço da doença.
O filme é emocionante e o desfecho final surpreendente.




Ficha técnica:

Educação e Diversidade no contexto atual

Por: M. Biasi

O termo “diversidade” está relacionado à qualidade daquilo que é diverso, variado, diferente, ou até mesmo da variedade, à multiplicidade, ao desacordo, à contradição, à oposição. Encontra também correspondência com as palavras alteridade, diferença e dessemelhança. Abgnano (apud MICHALISZYN, 2007, p.22) ao comentar sobre a diversidade afirma que ela é,

Toda alteridade, diferença ou dessemelhança. O termo diversidade e mais genérico do que esses três e pode indicar qualquer um deles ou todos juntos. Pode, outrossim, indicar a simples distinção numérica que se tem quando duas coisas não diferem em nada exceto por serem numericamente distintos. Nesse sentido, a diversidade e a pura e simples negação da Identidade; e exatamente Wolf a definia dizendo que são as coisas que não podem ser substituídas uma pela outra permanecendo firmes os predicados que se articulam a cada uma delas ou absolutamente ou em dada condição. 

O que é patente é que vivemos em uma sociedade que se prevalece das diferenças, admite a alteridade, por outro lado acentua a dessemelhança e evidencia a diversidade (MICHALISZYN, 2007).
A escola como espaço onde as contradições sociais se manifestam, converte-se em um dos cenários do multiculturalismo, da convivência harmônica entre as culturas. Na educação, essa é uma questão que se faz presente de todas as formas, “de um lado porque todas as lutas pela emancipação dos setores desfavorecidos da população refletem na escola; de outro lado, porque ela é também espaço onde as contradições são vivenciadas pelas famílias, pelo corpo docente, pela direção e pela equipe pedagógica“ (FREITAS, 2011, p.93).

(…) a realidade das sociedades capitalista e industrializadas é por definição, multicultural: os deslocamentos humanos, os processos migratórios em massa, a entrada da mulher no mundo do trabalho, a circulação é ininterrupta de mercadorias e informações culturais colocaram em cena a questão da diversidade de maneira sem precedentes na historia, principalmente no ocidente. Daí a necessidade de dialogo entre as culturas. Nesse sentido, uma educação intercultural é aquela que tem como principio a interação entre as culturas. (…) para a interculturalidade, não basta saber identificar as diferenças, são necessárias as interações e a trocas entre as partes (FREITAS, 2011, p.93-94).

Na perspectiva intercultural os sujeitos interagem na escola, partilham, produzem e sistematizam saberes relativos à afirmação de identidade criticas e criativas. A aprendizagem resulta na convergência de múltiplas culturas representadas no espaço escolar e que se expressam nas narrativas e praticas de alunos e professores. “É produzida na comunicação entre sujeitos que partilham historias de vida, convicções, saberes e que, assim, apropriam-se de conhecimentos significativos para a sua autoafirmação, para a constituição de sua identidade cultural e autonomia intelectual” (ARAÚJO, 2010, p.74). Assim, as práticas pedagógicas são colocadas em ruptura com a hierarquização de saberes que opõem o popular e o erudito, o cientifico e o cultural, o saber e o não saber.

 Interculturalismo pode ser definido como a interação e a convivência entre as diferentes culturas. O imperativo para tal empreendimento passa primeiro pelo respeito com o diferente, caso contrario, não há dialogo. Esse respeito é percebido através do reconhecimento das diferenças, da complexidade dos diferentes universos culturais e da busca de soluções possíveis a partir de atitudes coletivas, que considerem a que o “outro” tem para contribuir (FREITAS, 2008, p.94).

As experiências de educação indígena a partir da atuação de um professor bilíngue nas aldeias e a transição para escolas das cidades vizinhas constituem experiências interculturais nas quais as crianças indígenas têm acesso ao conhecimento de sua cultura na sua língua nativa e com material didático– pedagógico específico.
As escolas itinerantes do MST (movimento dos trabalhadores sem terra) podem ser consideradas experiências interculturais, uma vez que as escolas desse movimento social possuem um projeto educativo próprio que atende as modalidades do EJA, à educação infantil e ao ensino fundamental.
Outra iniciativa que, ao longo do tempo, resultará em práticas interculturais é a lei Nº – 10.639/2003, que torna obrigatório a temática “Historia e Cultura Afro – brasileiro e Indígena” nos currículos escolares. Constitui sem duvida um avanço no sentido de superarmos o racismo em nossa sociedade (FREITAS, 2011).

A diversidade sociocultural se evidencia em razão das oportunidades de acesso pelas crianças e adolescentes das classes populares, as quais trazem para dentro do espaço  escolar diferentes visões de mundo. Ao chegar á escola, uma criança é portadora de experiências acumuladas ao longo de sua primeira infância, das atitudes, dos hábitos, valores que refletem a cultura do grupo social, ou melhor, do meio no qual ela convive e que se constitui no seu espaço sociocultural. (MICHELISZYN, 2011, p.91).

O contexto escolar precisa ser pensado como um espaço de livre expressão de escolhas e da possibilidade de escolhas conscientes acerca dos caminhos que o sujeito pretende seguir. O processo educativo deve, segundo (MICHELISZYN, 2011), oferecer instrumentos e alternativas para que “os indivíduos tomem consciência sobre si, sobre o outro e sobre a sociedade na qual vivem, caracterizando-se como um encontro de dialogo, transformação do mundo e humanização de todos” (p.93).
A sociedade atual, composta pela diversidade, exige da escola, dos professores e daqueles que legislam em favor das causas populares o (re) pensar das práticas educativas. Foi com base nesses parâmetros que a UNESCO, após análises acerca de realidade de contextos educacionais diferenciados, apontou em seus princípios o que ficou denominado; “os quatro pilares da educação”, publicados no relatório para a UNESCO da comissão internacional sobre educação para o século XXI (CAMPOS, 2005, p.103):
Aprender a conhecer: aprender com qualidade, sabendo utilizar seus conhecimentos quando necessário. Compreender o mundo que há cerca a fim de viver dignamente, para desenvolver as suas capacidades profissionais, para comunicar. Enfim, compreender, conhecer, descobrir;
Aprender a fazer: valorização da qualificação social, das relações interpessoais, ser sujeitos, criar, inovar. Possibilitar a descoberta progressiva do outro e garantir a participação em projetos comuns, como estratégia para evitar ou revolver conflitos latentes;
Aprender a viver juntos: aprender a viver com o outro, a se relacionar em grupo, saber administrar conflitos, quando eles surgirem ao desenvolver projetos coletivos. Tomar consciência das semelhanças e da interdependência entre todos os seres humanos. Descobrir-se e descobrir ao outro.
Aprender a ser: agir com autonomia, critica e criatividade. Desenvolver talentos e permanecer donos do próprio destino.

(…) a educação é uma ciência, mas também é a arte de criar, conviver, compartilhar. E o educador, o cientista que se debruça na pesquisa pelo conhecimento sem esquecer que para alem da ciência, outros saberes estão sendo construídos fora dos muros da escola: nas cidades; nos condomínios de luxo; nas vilas; nas favelas; nos rios amazonas e Solimões e tantos outros; nas comunidades ribeirinhas; nas roças e nas praças; nos corredores e nos leitos de hospitais, onde crianças, jovens, adultos e idosos recuperam a sua saúde. Enfim, a educação sempre se fará presente onde estiverem reunidos seres humanos comunicando-se, convivendo, aprendendo a ser, a viver juntos aprendendo a fazer, a transformar e a conservar a natureza por meio da cultura (MICHALISZYN, 2008, p.129). 

Promover uma educação respeitadora das diferenças sem ressentimentos é o desafio posto aos professores que atuam em um contexto educativo multicultural, onde não cabe um modelo único da educação, ou mesmo de privação cultural. Diariamente esse profissional depara-se com alunos oriundos de culturas distintos, costumes, crenças, ideologias e uma maneira própria de pensar e situar-se no mundo. É, portanto, preciso desenvolver uma ação compatível propondo uma relação harmoniosa entre as diferentes culturas que ali transitam.
Para isso, o professor precisa fomentar o dialogo o aprender com o outro, observando as características e singularidades de cada aluno a fim de propor a troca de saberes entre os pares e cujo respeito pelas diferenças prevalece e resultem no conhecimento do "outro” e esse deixe de ser “exótico”. Proposta que pode se realizar na perspectiva da interculturalidade.


Referências:

ARAUJO, M. Ensaios Sobre a Aula: Narrativas e Reflexões da Docência. Curitiba: IBPEX, 2010.

CAMPOS, M. Culturas Locais e Regionais: Valores, Mitos, Lendas e Crenças. IN: Unesco. A Criança Descobrindo, Interpretando e Agindo Sobre o Mundo. Brasília: ED. UNESCO, 2005.

FREITAS, F. A Diversidade Cultural Como Prática Educativa. Curitiba IBPEX, 2011.

MICHALISZYN, M. Educação e Diversidade. CURITIBA: IBPEX, 2007