Realizei uma pesquisa em uma
escola publica na minha cidade para analisar o
perfil de leitores em processo de formação e também que tipo de leitor os alunos
do ensino fundamental se consideram. No total foram 18 entrevistados de turmas
do 6º e 7º anos. Dos dezoito entrevistados 10 se consideravam leitores
imersivos, 3 contemplativo e 5 moventes.
Segundo Demo (2008), o leitor contemplativo, tem características especificas que o
diferencia dos demais, pois
esse
tipo de leitor se concentrar numa atividade solitária de leitura, com muitos
momentos de reflexão, uma leitura pausada, retornada, feita novamente por várias
vezes até que o entendimento seja feito do modo desejado. Esse é o leitor do
livro.
“O leitor do livro é o mesmo da
imagem e este
pode ser o leitor das formas híbridas de signos e processos de linguagem,
incluindo nessas formas até mesmo o leitor da cidade e o espectador de cinema,
TV e vídeo”. (SANTAELLA, 2004, p. 16)
Na leitura do livro, essa dinâmica possibilita ao
leitor conduzir a apreensão do conteúdo, adicionando sua inferência, consultando
textos afins etc. Embora a leitura da escrita de um livro seja sequencial, a
solidez do objeto livro permite idas e vindas, retornos, resignificações. E o
leitor contempla e medita à sua maneira (DEMO, 2008).
Leitor
movente, com o advento tecnológico em expansão, com a introdução dos
cinemas e a instantaneidade da televisão, quebrou-se um paradigma e surgiu
um leitor que acumula características do perfil anterior “contemplativo”, mas que passa a ser também movente; leitor de formas, volumes, massas, interações de forças, movimentos; leitor de direções, traços, cores; leitor de luzes que se acendem e se apagam; leitor cujo organismo mudou de marcha, sincronizando-se à aceleração do mundo.
um leitor que acumula características do perfil anterior “contemplativo”, mas que passa a ser também movente; leitor de formas, volumes, massas, interações de forças, movimentos; leitor de direções, traços, cores; leitor de luzes que se acendem e se apagam; leitor cujo organismo mudou de marcha, sincronizando-se à aceleração do mundo.
É
nesse ambiente que surge o nosso segundo tipo de leitor, aquele que nasce com o
advento do jornal e das multidões nos centros urbanos habitados de signos. É o
leitor que foi se ajustando a novos ritmos da atenção, ritmos que passam com
igual velocidade de um estado fixo para um móvel. É o leitor treinado nas
distrações fugazes e sensações evanescentes cuja percepção se tornou uma
atividade instável, de intensidades desiguais. (SANTAELLA, 2004, p. 29).
Por
fim o leitor imersivo, surge da multiplicidade de imagens sígnicas e
ambientes virtuais de comunicação imediata. Esse novo tipo de leitor nasce
inserido dentro dos grandes centros urbanos, acostumados com a linguagem
efêmera e provido de uma sensibilidade perceptivo-cognitiva quase que
instantânea.
De
acordo com Santaella (2004), o receptor de uma hipermídia ou seu usuário coloca
em ação mecanismos, ou melhor, habilidades de leitura muito distintas daquelas
que são empregadas pelo leitor de um texto impresso como o livro. Por outro
lado, são habilidades também distintas daquelas que são empregadas pelo
receptor de imagens ou espectador de cinema, televisão. Essas habilidades de
leitura multimídia ainda mais se acentuam, quando a hipermídia migra do suporte
CD-ROM para transitar “nas potencialmente infinitas infovias do ciberespaço”.
(p. 11).
A
prática social de leitura sofreu e continua tendo inúmeras transformações, ou
seja, não podemos comparar o modo de ler do século passado com o atual. Os
modos de ler se modificaram e, então, cabe ao profissional de educação
acompanhar essas transformações para que sua aula não seja desinteressante para
os alunos. Ao mesmo tempo, ela tem uma historicidade, pois nem sempre se leu
como hoje se lê e talvez nem se leia no futuro como se lê no presente (DEMO,
2008).
O
desinteresse pela leitura deve-se ao tipo de leitura exercitada na escola: uma
leitura descontextualizada do interesse do aluno que o faz silenciar. Por essa
razão, essa pesquisa tentou identificar que tipo de leitura o aluno faz durante
suas incursões na tela do computador e como o professor relaciona-a com a sua
prática de ensino.
Para complementar o trabalho,
entrevistei um professor, o diretor e a auxiliar pedagógica buscando entender
como a escola encara a “era da informação” no processo de ensino- aprendizagem.
Foi elabora a seguinte questão norteadora:
Para
você, qual a importância da realidade virtual e da aprendizagem digital na
formação dos alunos de hoje e como essa realidade influencia na prática de
ensino e aprendizagem desse aluno? Quais as vantagens da aprendizagem digital?
Diretor: “as novas tecnologias são de suma
importância na formação dos alunos, mesmo porque eles já “nascem” mexendo no
computador (risos). Desse modo as novas tecnologias influenciam sim na prática
pedagógica do professor onde este precisa desenvolver um processo de ensino e
aprendizagem que conceba as novas tecnologias no seu planejamento. As vantagens
da era informacional é que os alunos têm acesso as informações de forma rápida
e fácil, já as desvantagens é o distanciamento dos livros e da leitura
compenetrada que também é essencial na formação do indivíduo”.
Professor: “reconheço a importância das novas
tecnologias na educação no sentido de ampliar as fontes de conhecimento dos
alunos e utiliza-las como recurso no processo de ensino-aprendizagem. Entendo
que as mídias têm forte influencia no processo de ensino e aprendizagem, pois
os alunos já veem para a escola com uma bagagem de conhecimento dessas
tecnologias que precisa ser considerada pelo professor. Porque o computador
está para a educação assim como o telescópio está para a astronomia, não tem
como separá-los sob pena de se tornar obsoleto. Mas temos que ter em mente e
ensinar nossos alunos que as mídias são apenas instrumentos, recursos, e não
meios de substituir relações humanas. As vantagens são as melhores possíveis –
acesso rápido a informação, digitação, estruturação do conhecimento, etc. – já
as desvantagens é o distanciamento das relações humanas e o famoso “cola-copia”
nas pesquisas realizadas pelos alunos, que certas vezes nem chegam ler o
conteúdo, apenas copiam e entregam para o professor, muitas vezes ainda com a
identificação do site copiado (rsrsrs). No entanto não podemos mais negar a
importância das tecnologias em nossa vida cotidiana, por isso não podemos ter
medo de utilizá-las, mas devemos fazê-lo com responsabilidade de forma a
auxiliar a construção do conhecimento individual e coletivo”.
Auxiliar
pedagógica: “concordo que as mídias são
importantes para o aprendizado dos alunos, mas também é importante que o
professor seja um agente conectado às novas tecnologias para de fato
concretizar o processo educativo. As vantagens da nova mídia é um processo de
ensino-aprendizagem amplo e dinâmico, as desvantagens é o mau uso dessas
tecnologias o que pode causar prejuízo à aprendizagem”.
A seguir apresentarei um
quadro com informações coletadas a partir da entrevista com professores da
escola sobre a utilização das tecnologias na educação, também visitei um Centro
Municipal de Educação Infantil para saber se os profissionais da educação
infantil estão usando as tecnologias ou não na sua vida cotidiana e pedagógica:
total 30 professores – 10 Educadores (Ed. Infantil), 20 Professores (Ens.
Fundamental e Médio).
Acessos
digitais
|
Diariamente
|
3 ou 4 vezes
por semana
|
1 ou 2 vezes
por semana
|
A cada 15
dias
|
Nunca
|
Participa de
lista de
discussão por
correio
eletrônico
|
______
|
______
|
5 educadores
15 professores
|
5 educadores
5 professores
|
______
|
Usa correio
eletrônico
|
20 Prof.
10 Edu.
|
__________
|
__________
|
___________
|
______
|
Navega na
internet
|
19 Prof.
4 Edu.
|
6 educador
1 Professor
|
______
|
______
|
______
|
Usa a internet
para
o lazer
|
11 professores
3 educadores
|
9 professores
7 educadores
|
______
|
______
|
______
|
Como podemos perceber dificilmente os professores,
sejam eles do ensino fundamental, médio ou mesmo da educação infantil ficará
definitivamente sem usar as novas tecnologias, seja nas suas atividades diárias
e pessoais de lazer oi mesmo diversão. No entanto,
Não é raro percebermos que nas atividades que envolvem
o uso de recursos tecnológicos na Educação muitos alunos demonstram estar mais
familiarizados do que o professor. Quando isto acontece o professor sente-se
pouco á vontade em parecer que não é o detentor do saber naquele momento, daí
muitos preferem abster-se do uso dos recursos tecnológicos por não estar tão
seguros do seu uso ou mesmo por não possuir uma proposta pedagógica referente
(MORAIS, 2012, p. 1).
Nesse sentido, o docente que utiliza recursos associados às Tecnologias Digitais em suas
aulas certamente conseguirá transpor o nível de analfabetismo tecnológico,
aquele em que as pessoas sabem mexer no computador, mas não sabem como
utilizá-lo para fins específicos, ou mesmo não sabem manipular a máquina.
Contudo a maioria dos docentes que atuam nas escolas são considerados
imigrantes digitais e necessitam adquirir competências e habilidades que os
qualifiquem a trabalhar de forma síncrona com o contexto de percepção e
construção de conhecimento que seus alunos, nativos digitais, já vivenciam
(MORAIS, 2012).
Assim, a apropriação de competências e habilidades
tecnológicas por parte dos docentes torna-se requisito importante para que
outras práticas escolares e contextualizadas sejam agregadas às necessidades
propostas pela cibercultura. Uma vez que, segundo Demo (2008), educar é uma tarefa complexa, e o seu sucesso reside na
aptidão dos professores em fazer com que desenvolvam habilidades, competências
e sensibilidades, em que eles mesmos descobrirão maneiras úteis de se
beneficiarem com os novos saberes advindos com as tecnologias
digitais. Porém, o autor adverte, a nova mídia é uma ferramenta, sozinha não
ensina, nem educa, pois educar é condição humana. Tarefa da escola, mediada por
professores e família.
DICA DE LEITURA LIVRO PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
DICA DE LEITURA LIVRO PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
REFERÊNCIAS
DEMO. Pedro. O Porvir: desafio
das Linguagens do século XXI. Curitiba: Ibpex, 2. ed, 2008.
MORAIS, O. Benefícios das novas
tecnologias na educação. Disponível em: http://www.osvaldomorais.com/index.php/Artigos/osvaldo-morais-beneficios-das-novas-tecnologias-na-educacao-e-na-ead.html. Acesso:
nov/2012.
SANTAELLA,
Lucia. Navegar no ciberespaço: o
perfil do leitor imersivo. São Paulo:
Paullus,
2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário