1 de jul. de 2012

Horta na escola: espaço de brincadeira e aprendizagem




1ª etapa: Atividade pedagógica interdisciplinar

Montar uma horta na escola é um trabalho grandioso, pois este é um tema rico que possibilita ao professor a abrangência de várias disciplinas.
É uma atividade que envolve muito os alunos, já que trabalhar com terra aumenta a disposição e a energia do corpo, proporcionando prazer, aliviando o estresse da sala de aula e deixando todos mais calmos.
O professor deve montar um projeto de acordo com a idade de seus alunos e discutindo com os mesmos sobre quais plantas preferem trabalhar, definindo o dia em que irão começar a atividade bem como os materiais necessários para a organização da horta escolar.
Antes de iniciar a atividade, deverá propor os combinados com a turma, a fim de estabelecer as regras de conduta durante a atividade e controlar melhor os alunos mais ansiosos. Normalmente as crianças indisciplinadas participam muito bem desse tipo de atividade, pois é um momento de liberdade para eles.
Dependendo do tamanho da horta, a turma poderá ser dividida em grupos, como de limpeza da terra, de aragem da mesma, de plantio das sementes, de regar e um outro grupo para fazer as anotações escritas de todos os passos. A cada visita à horta os alunos deverão ser revezados nas atividades, para todos terem oportunidade de manuseio da mesma.
Em sala deverão discutir as etapas trabalhadas, onde cada aluno se expressará contanto como foi vivenciar a experiência. É bom que se discutam também sobre as anotações feitas pelo grupo responsável, a fim de aumentar a riqueza das discussões.
Em ciências, poderão observar o crescimento das plantas e fazer relatórios descritivos do processo, desde a germinação, tamanho e as transformações das mesmas, a cada visita à horta. O professor pode aproveitar esses relatórios para analisar a capacidade de produção de texto dos alunos, bem como ortografia e gramática, que se encaixaria em português.
Sabe-se que é comum aparecerem pequenas pragas em hortas. Assim, ainda em ciências, o professor poderá produzir com os alunos receitas de pulverizadores naturais, enfatizando os males dos agrotóxicos para a saúde do homem. 
Poderão pesquisar em revistas, jornais e internet materiais para a montagem de um painel, classificando as plantas como verduras e legumes e, para as séries mais adiantadas, explorar mais a classificação, como o reino e as espécies das mesmas, bem como as regiões e os climas adequados para cada uma delas (natureza e sociedade).
Em matemática poderão explorar conteúdos como quantidade de sementes, o peso das mesmas ao adquiri-las, os litros de água necessários para fazer a irrigação da horta, quantos quilogramas utilizados de adubo e terra. Outra possibilidade é medir as dimensões dos canteiros e, à medida que as plantas forem crescendo, medir também a altura as mesmas, a espessura de seus talos, observar a textura das folhas, etc.
Os alunos poderão desenvolver textos relatando a importância de mantermos uma boa alimentação, com nutrientes necessários ao organismo. Outro caminho é criar um texto sobre hortaliças, as propriedades medicinais das mesmas e a forma como gostam de consumi-las, se em chás, sanduíches ou saladas.
        E quando a horta estiver bem montada, com as plantas em tamanhos já adequados para serem colhidas, os alunos poderão desenvolver receitas culinárias de saladas, sanduíches, tortas salgadas e sucos que poderão ser degustados na hora do lanche. É interessante também que convidem uma turma para compartilhar esse momento de descontração e prazer.

 Por Jussara de Barros, Graduada em Pedagogia, Equipe Brasil Escola (http://educador.brasilescola.com).






2ª etapa: Montando a horta e colhendo os frutos

Escolha do local
Sol e água são prioridades na vida das plantas e, por isso, o lugar onde serão montados os canteiros tem de receber, no mínimo, cinco horas diárias de luz solar e ter por perto uma fonte de água limpa.

Solo
O melhor tipo de solo para a agricultura é o areno-argiloso. Ele apresenta todas as propriedades necessárias para o desenvolvimento das plantas. É possível descobrir o tipo de solo por meio de experiências simples. Veja a seguir duas opções:

1ª experiência
Cave um buraco de 15 a 20 centímetros de profundidade e coloque a terra retirada em um recipiente de vidro liso e transparente. Complete com água e agite bem. Deixe a mistura descansar até que a terra assente. A camada escura que se forma na superfície é composta de húmus. Logo abaixo, forma-se uma camada constituída de partículas finas, indicando a presença da argila. No fundo, depositam-se grãos mais grossos, de areia. Se dentro do vidro houver menos de 15 % de argila, o solo é considerado arenoso. De 20 a 40 % de argila, é areno-argiloso. E acima de 40 % de argila, o solo é argiloso. Se houver menos de 5 % de argila, conclui-se que naquela parte do solo existe apenas matéria orgânica.

2ª experiência
Amasse um punhado de terra úmida com as mãos. Em seguida bata com força uma palma na outra. Se as mãos ficarem sujas, tingidas, cheias de terra nas linhas e nas marcas digitais, o solo pode ser considerado argiloso. Caso as mãos fiquem limpas e grãos de areia raspem as palmas, o solo é arenoso. Conforme o caso, incorpore terra argilosa, areia e esterco ao solo, até chegar à proporção de três medidas de terra argilosa, duas de esterco (de preferência, de gado e bem curtido) e uma de areia.

Montagem dos canteiros
Para trabalhar com crianças e adolescentes, o ideal é que os canteiros tenham 2 metros de comprimento por 1 de largura e, no mínimo, 50 centímetros entre um canteiro e outro. A profundidade deve ser de 30 a 40 centímetros. Para segurar a terra nas laterais da horta, pode-se utilizar tijolos ou bambu.

Semeadura
Existem duas formas de semeadura, a direta e a feita em sementeira. Na direta, as hortaliças são semeadas nos canteiros e ficam ali até a época da colheita, como beterraba, cenoura, espinafre, rúcula, almeirão, salsa e coentro. A profundidade da linha de semeadura deve ser de dois centímetros para as sementes menores e de dois e meio para as maiores, como a beterraba e o espinafre. A precisão na semeadura é muito importante, pois se as sementes ficarem muito fundas, não germinam e se ficarem no raso, podem ser levadas pela água.
No caso das sementeiras, as hortaliças são semeadas primeiramente numa caixa e depois transplantadas para o canteiro. Isso é feito para que as mudas se desenvolvam com mais força. O procedimento é indicado para o plantio de alface, chicória, mostarda, couve, repolho e cebolinha. Para a alface, chicória e mostarda, o espaço entre as mudas deve ser de 1 palmo. Já a couve e o repolho precisam de 3 palmos. No transplante, tome cuidado para não danificar a raiz. Faça-o sempre no final do dia, seguido de rega do canteiro.

Tempo para transplante
·         Alface e chicória: assim que apresentar de quatro a seis folhas;
·         Couve, repolho e cebolinha: 30 dias

Época de colheita
·         Rabanete: 35 dias;
·         Alface, chicória, almeirão e rúcula: 40 dias;
·         Espinafre: 60 dias;
·         Salsa: 70 dias;
·         Beterraba e cenoura: 90 dias.

Rega
É um dos principais momentos do cultivo de uma horta. Sem a rega, é impossível o bom desenvolvimento de qualquer planta. Ela deve ser feita de manhã bem cedo. No caso de dias muito quentes, regue também no final da tarde. Em regiões de clima mais ameno, uma rega ao dia é suficiente. O solo do canteiro ou a terra da sementeira deve receber água de maneira uniforme, até que infiltre abaixo das sementes ou raízes, sempre tomando cuidado para não encharcar a terra.

Colheita
É feita de duas maneiras: arranco e corte. Para alface, chicória, mostarda, beterraba, cenoura e rabanete, basta arrancar. Salsa, cebolinha e rúcula devem ser cortadas três dedos acima do solo Se a salsa e a cebolinha forem cortadas corretamente, poderão ser colhidas muitas vezes. Rúcula e almeirão, no entanto, podem ser colhidos, no máximo, sete vezes.
O almeirão deve ser cortado rente ao solo. No caso do espinafre, deve-se cortar apenas os ramos maiores. Para a couve, retire as folhas maiores com cuidado para não danificar os brotos centrais. Tanto o espinafre quanto a couve podem ser colhidos diversas vezes.

Controle de pragas e doenças
Para evitar o aparecimento de pragas e doenças, alguns cuidados devem ser tomados. O ideal é não cultivar uma única hortaliça no canteiro, pois cada planta retira um tipo de nutriente do solo e atrai um diferente tipo de praga.
Nas bordas dos canteiros, cultive salsa, cebolinha e coentro. Eles funcionam como repelentes para alguns bichinhos acostumados a atacar as hortaliças. Numa metade, cultive alface. Na outra, beterraba. Esse procedimento ajuda a equilibrar a retirada das vitaminas do solo e confunde os bichinhos que atacam as plantas pelo cheiro, cor e forma das folhas.
O cultivo de ervas medicinais, como melissa, capim-cidreira, poejo, hortelã, menta e boldo ao redor da horta, também é muito eficaz para espantar algumas pragas. A erva-doce atrai para si o pulgão que costuma atacar a couve. Se houver poucas plantas de couve na horta, pode-se fazer a lavagem das folhas retirando todos os pulgões. Se não resolver, o ideal é aplicar a calda de fumo.

Receita da calda de fumo
Ingredientes:
50 gramas de fumo de corda picado
1 litro de água
1 colher de café de pimenta-do-reino
Preparo:
Ferva a água com o fumo picado até a mistura ficar bem escura. Deixe esfriar, coe e acrescente a pimenta. No caldo, acrescente mais cinco litros de água e pulverize as folhas no final da tarde.
Não molhe as folhas após a aplicação. Repita a operação até que os pulgões desapareçam. Consuma as folhas apenas dez dias após a última aplicação.

Por: Marcelo Alexander Mattiuci, coordenador de educação ambiental da Associação Ituana de Proteção Ambiental (http://www.aipa.org.br).

2 comentários:

  1. Olá Professora Mari.
    Seu blog será muito bem vindo ao Teia e essa postagem foi divulgada,quando tiver atualizações é só me dar um toque que eu divulgo novamente.

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  2. projeto incrível, aplicamos um assim esse ano no colegio zona norte sp, está dando super certo por aqui, recomendo aos educadores!

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